sábado, 23 de maio de 2009

O vídeo com Recurso no Ensino


Um dos grandes desafios para o educador é ajudar a tornar a informação significativa, a escolher as informações verdadeiramente importantes entre tantas possibilidades, a compreendê-las de forma cada mais abrangente e profunda e torná-las parte do nosso referencial.
O professor com o acesso a tecnologia telemáticas, pode se tornar um orientador/gestor setorial do processo de aprendizagem, integrada de forma equilibrada a orientação intelectual e emocional e gerencial.
O vídeo está umbilicalmente ligada à televisão e a um contexto de lazer, de entretimento, que passa imperceptivelmente para a sala de aula. Vídeo, na cabeça dos alunos, significa descanso e não “aula”, o que modifica a postura, as expectativas em relação ao seu uso. Precisamos aproveitar essa expectativa positiva para atrair o aluno para os assuntos de nosso planejamento pedagógico. Mas, ao mesmo tempo, devemos saber que necessitamos prestar atenção para estabelecer novas pontes entre vídeo e as outras dinâmicas da aula.
A televisão e o vídeo partem do concreto, do visível, do imediato, do próximo – daquilo que toca todos os sentidos. Mexem com o corpo, com a pele – nos tocam e “tocamos” os outros, estão ao nosso alcance através dos recortes visuais, do close, do som estéreo envolvente.
Propostas da utilização do vídeo na educação escolar:
Proponho, a seguir, um roteiro simplificado e esquemático com algumas formas de trabalhar com o vídeo na sala de aula. Como roteiro não há uma ordem rigorosa e pressupõe total liberdade de adaptação destas propostas à realidade de cada professor e dos seus alunos.
Usos Inadequados em sala de aula:
Vídeo - tampa buraco:colocar vídeo quando Há um problema inesperado, como ausência de professor. Usar este expediente eventualmente pode ser útil, mas se for feito com freqüência, desvaloriza o uso do vídeo e o associa na cabeça do aluno a não ter aula.
Vídeo - enrolação: exibir um vídeo sem muita ligação com a matéria. O aluno percebe que o vídeo como forma de camuflar a aula. Pode concordar na hora, mas discorda do seu mau uso.
Vídeo - deslumbramento: O professor que acha de descobrir o uso do vídeo, costuma empolgar-se e passa vídeo em todas as aulas, esquecendo outras dinâmicas mais pertinentes.O uso exagerado do vídeo diminui a sua eficácia e empobrece as aulas.
Só vídeo: não é satisfatório didaticamente exibir o vídeo sem discuti-lo, sem integra-lo com o assunto de aula, sem voltar e mostrar alguns momentos mais importantes.
Propostas de utilização:
Vídeo como sensibilização.
É, do meu ponto de vista, o uso mais importante na escola. Um bom vídeo é interessantíssimo para introduzir um novo assunto, para despertar curiosidade, a motivação para novos temas. Isso facilitará o desejo de pesquisa nos alunos para aprofundar o assunto do vídeo e da matéria.
Vídeo como Ilustração.
O vídeo muitas vezes ajuda a mostrar o que se fala na aula, a compor cenários desconhecidos dos alunos. Por exemplo, um vídeo que exemplifica como eram os romanos na época de Júlio Cesar ou Nero, mesmo que não seja totalmente fiel, ajuda a situar os alunos no tempo histórico. Um vídeo traz para a sala de aula realidades distantes dos alunos, como por exemplo a Amazônia ou a
África. A vida se aproxima da escola através do vídeo.
Vídeo como simulação.
É uma ilustração mais sofisticada. O vídeo pode simular experiências de química que seriam perigosas em laboratório ou que exigiriam muito tempo e recursos.Um vídeo pode mostrar o crescimento de uma planta, de uma árvore da semente até a maturidade em poucos segundos.
Vídeo como conteúdo de ensino.
Vídeo que mostra determinado assunto, de forma direta ou indireta. De forma direta, quando informa sobre o tema específico orientando a sua interpretação.
De forma indireta, quando mostra um tema, permitindo abordagens múltiplas, interdisciplinares.
Vídeo como produção.
Como documentação, registro de eventos, de aulas, de estudos do meio, de experiências, de entrevistas, depoimentos. Isto facilita o trabalho do professor, dos alunos e dos futuros alunos. O professor deve poder documentar o que é mais importante para seu trabalho, ter seu próprio material de vídeo assim como seus livros e apostilas para preparar as suas aulas.O professor estará atento para gravar o material audiovisual mais utilizado, para não depender sempre de empréstimo ou aluguel dos mesmos programas.
Como intervenção: interferir, modificar um determinado programa, um material audiovisual, acrescentando uma nova trilha sonora ou editando o material de forma compacta ou introduzindo cenas com novos significados.O professor precisa perder o medo, o respeito ao vídeo assim com ele interfere nun texto escrito, modificando-o, acrescentado novos dados, novas interpretações, contextos mais próximos do aluno.
Vídeo como expressão.
Como nova forma de comunicação, adaptada à sensibilidade principalmente das crianças e jovens. As crianças adoram fazer vídeo e a escola precisa incentivar o máximo possível a produção de pesquisas de vídeo pelos alunos. A produção em vídeo tem dimensão moderna lúdica. Moderna, como meio contemporâneo, novo e integra linguagens.Lúdica, pela miniaturização da câmera, que permite brincar com a realidade, levá-la junto para qualquer lugar. Filmar é uma das experiências mais envolventes tanto para as crianças como para adultos. Os alunos podem ser incentivados a produzir dentro de uma matéria, ou dentro de um trabalho interdisciplinar. E também produzir programas informativos, feitos por eles mesmos e colocá-los em lugares visíveis dentro da escola e em horários onde muitas crianças possam assisti-los.
Vídeo como avaliação.
Dos alunos, do professor, do processo.
Vídeo como espelho.
Vejo-me na tela para poder compreender-me, para descobrir meu corpo, meus gestos, meus cacoetes.Vídeo espelho para a análise do grupo e dos papéis de cada um, para acompanhar o comportamento de cada uma, do ponto de vista participativo, para incentivar os mais retraídos e pedir aos que falam muito para darem espaço aos colegas.O vídeo espelho é de grande utilidade para o professor se ver, examinar sua comunicação com os alunos, sua qualidades e defeitos.
Vídeo como integração/suporte.
De outras mídias.
Vídeo como suporte da televisão e do cinema. Gravar em vídeo programas importantes da televisão para utilização em aula. Alugar ou comprar filmes de longa metragem, documentários para ampliar o conhecimento de cinema, iniciar os alunos na linguagem audiovisual.Vídeos interagidos com outras mídias como o computador, o CD-ROM, com os videogames, com a Internet.
Como ver o vídeo
Antes da exibição.
Informar somente aspectos gerais do vídeo (autor, duração, prêmios...) Não interpretar antes da exibição, não pré-julgar (para que cada um possa fazer sua leitura).
Checar o vídeo antes.Conhecê-lo. Ver a qualidade da cópia.
Deixá-lo no ponto antes da exibição.Zerar a numeração(apertar a tecla resset). Apertar também a tecla “memory” para voltar ao ponto desejado.
Checar o som (volume), o canal da exibição(3ou4), o traking (a regulagem de gravação), o sistema (NTSC ou PAL-M)
Durante a exibição.
Anotar cenas mais importantes.
Se for necessário (para p/regulagem ou fazer um rápido comentário) apertar o pause ou still, sem demorar muito nele, porque danifica a fita.
Observar reações do grupo.
Depois da exibição.
Voltar a fita do começo (resset/memory)
Rever as cenas mais importantes ou difíceis. Se o vídeo é complexo, exibi-lo uma segunda vez, chamando a atenção para determinadas cenas, para a trilha musical, diálogos, situações.
Passar quadro a quadro as imagens mais significativas
Observar o som, a música, os efeitos, as frases mais importantes.
Proponho alguns caminhos entre os muitos possíveis para a analise do vídeo em classe.
Dinâmica de análise
Leitura em conjunto
O professor exibe cenas mais importantes e as comentas junto com os alunos, a partir do que estes destacam ou perguntam. É uma conversa sobre o vídeo, com o professor como moderador. O professor não deve ser o primeiro a dar sua opinião, principalmente em matérias controvertidas, nem monopolizar a discussão, mas tão pouco ficar encima do muro.Deve se posicionar-se, depois dos alunos, trabalhando sempre dois planos: o ideal e o real; o que deveria ser (modelo ideal) e o que costuma ser (modelo real).
Leitura globalizante
Fazer, depois da exibição, estas quatro perguntas:
Aspectos positivos do vídeo
Aspectos negativos
Idéias principais que passa
O que vocês mudariam neste vídeo
Se houver tempo, essas perguntas serão respondidas primeiro em grupos menores e depois relatadas/escritas no plenário.O professor e os alunos destacam as coincidências e divergências.O professor faz a síntese final, devolvendo ao grupo as leituras predominantes (onde expressam valores, que mostra como o grupo é)
Bibliografia:
José Manuel Moran
Professor de Novas Tecnologias da Pós - graduação da ECA-USP e da Universidade Makenzie
Artigo publicado na revista Comunicação & Educação. São Paulo,ECA-ED. Moderna,[2]: 27 a 35, jan./abr. de 1995.
HTTP:WWW.ECA.USP.BR/PROF/MORAN/VIDSAL.HTM

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